1910, 5 de outubro
5 de Outubro de 1910, não consigo deixar passar esta data em branco e este ano, não é excepção. Desta vez, partilho convosco um excerto do diário da Rainha D.Amélia que pode ser encontrado na Torre do Tombo, em Lisboa, ou numa edição da Leya com o nome “As memórias secretas da Rainha D.Amélia”. Este diário foi doado pela casa de Bragança ao governo português, após a morte da rainha, e depois recuperado nos aposentos de Salazar após o 25 de Abril.
Antes do diário, deixo-vos aqui esta relíquia que também pode ser vista na Torre do Tombo.
“‘D.Maria Pia acrescentou, raivoso como um chacal, eu desculpava este povo que também era meu, assim o ensinaram a sobreviver, nunca o dinheiro vindo dos banqueiros europeus lhe tocou, dispersou-se entre as cliques dos partidos, a elite dos patrões cominados com os políticos porosos como melancias, melancias podres… os deputados e dos pares do reino e da puta que os pariu, todos em casa a tremer a rabeira, abandonam o rei à sua sorte, os que tinham pouco querem mais, são os que nos expulsam, às duas rainhas de Portugal, não os que nada têm, esses são (…) o povo, que enche os comícios, marcha nas manifestações e morre na rua pelos poderosos de cada momento, os que já têm querem mais, já têm dinheiro, fortuna, capital, prestígio, ambicionam agora o poder e a nobreza do cargo, são os republicanos (…)”