A Catalunha e o Referendo
Sem querer alongar muito, até porque o objetivo deste post é em poucos pontos explicar a situação na Catalunha, vou deixar-vos a base para entender tudo isto.
A Catalunha
É uma das comunidades autónomas espanholas e tem um governo e um parlamento regional mas o poder político mais forte compete ao governo central espanhol, em Madrid. O PIB anual da região é superior ao de Portugal e a capital é Barcelona que, como sabem, é um dos destinos turísticos mais procurados.
O que pretendem?
A Catalunha procura então a autonomia da região que só pode ser dada após todo o povo espanhol votar.
Este movimento de autodeterminação começou em 2010 após a rejeição, por parte do Tribunal Constitucional Espanhol, da proposta de um novo estatuto regional para a Catalunha. Essa tal proposta previa um aumento da autonomia da região e foi votada pelos catalães num referendo em 2006.
Esta rejeição levou o povo da Catalunha a agir e provocou o início de um movimento crescente contra o Governo central.
Em Madrid…
Já por sua vez, o governo espanhol, em Madrid, alega que a consulta viola a Constituição de 1978 que apenas permite a separação de uma região se a decisão for tomada pela totalidade dos espanhóis. No entanto, o governo central defende a necessidade de recorrer a uma revisão constitucional para permitir a realização de um referendo legal.
Este referendo que a Catalunha procurou fazer é semelhante aos referendos feitos na Escócia, Reino Unido e no Quebeque, Canadá.
Domingo, dia de referendo
Acontece que o referendo foi realizado pelo governo regional da Catalunha e tal como se previa mais de metade da população não votou, no entanto 90% dos votos foram a favor. Ou seja, um sim para a independência da Catalunha.
Mariano Rajoy, ministro espanhol, condenou a realização do referendo e lembra que é uma consulta ilegal.
Já o presidente do governo regional da Catalunha, Carlos Puigdemont insiste que é necessário uma mediação social e considera que a União Europeia deve ajudar neste processo.
O último domingo não só foi marcado pelo Sim nas urnas mas também pela violência. Graves confrontos com as autoridades policiais provocaram cerca de 900 feridos.
O que acontece agora?
O presidente do governo regional diz que esta situação não é apenas um assunto interno sendo necessário que a União Europeia olhe para além das violações dos direitos e assuma que é um problema europeu.
Carlos Puigdemont insite ainda na obrigação do parlamento catalão em aplicar o resultado de domingo e tomar decisões políticas. Isto porque, a lei que rege o referendo prevê uma declaração unilateral de independência pelo legislativo regional caso haja maioria de votos. O que aconteceu aqui foi exatamente isso, apesar de menos de metade da população ter votado, 90% disse que sim à independência.