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Shi

A Nossa Raiz | Unplugueto de Allen Halloween

Shi, 06.01.20

Ser rapper em Portugal é das profissões mais difíceis de sempre! Sejam os youtubers que têm mais visualizações em 10 minutos do que um som de 5 anos ou o pessoal habituado a piratear tudo o que fala fala fala mas não compra um único CD. Tenho a sorte de dizer que sou do tempo dos bons rappers, foram os meus verdadeiros professores da escola da vida. 

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Estamos em 2000 e troca o passo e eu já tenho Allen Halloween a tocar no meu discman barato. Dez anos depois, acompanhou-me no Xpress Music e nas minhas aventuras de secundário. Mais uma década e o rapper de "um dia na vida de um dread de 16 anos" abandona em grande o mundo do hip hop tuga. 

 

Pergunto-me: quantos anos serão mais precisos para darmos valor àqueles que contam histórias a cantar? 

 

 

Histórias de uma vida de marginalidade e crime, uma realidade muito mais comum do que pensam. Uma linguagem que podia estar em livros de português e uma produção musical nunca antes vista. Tal como Allen Halloween diz, a música dele é documental, é tudo realidade! 

 

Foi na última semana do ano de 2019 que Allen Halloween lançou o seu último álbum: o "Uplugueto". A maioria dos sons têm apenas dois ou três instrumentos o que apresenta a música de uma forma bastante nua e crua.

 

Ao contrário do que já fiz, desta vez não vou analisar faixa a faixa pois ainda estou em modo absorção total e penso que este é o álbum reflexão do Halloween. 

 

 

Muitos dos sons não são novos tal como o "No Love" ou "Bandido Velho" mas são apresentados de uma forma totalmente renovada. Neste álbum podem encontrar também uma nova versão da música "O primeiro dia" de Sérgio Godinho. Quanto a esta oiçam e tirem as vossas próprias conclusões.

 

O álbum está todo de louvar e bater palmas de pé. "Se é para sair é para sair em grande", ele levou muito a sério esta frase e isso nota-se em cada som lançado. Foi assim que nos despedimos do rapper de voz rouca e do instrumental de rock e filme de terror. Mas foi de uma forma que dá para refletir que é isso que o rap português deve ser: minutos de reflexão!